Proposta de Matriz Econômica do Governo do Amazonas apoia iniciativas privadas de preservação
Proposta pelo governador José Melo em março deste ano, a Nova Matriz Econômica Ambiental, que promete ampliar o uso econômico dos recursos naturais do Estado, deu o pontapé inicial para apoiar iniciativas privadas que sejam economicamente viáveis para o Amazonas e que também garantam a preservação do meio ambiente.
Para mapear essas iniciativas, equipes formadas por membros de diversas secretarias estaduais têm visitado empresas da capital e do interior. “As secretarias vão montar grupos de trabalho para, junto com as empresas, viabilizarem um plano de diversificação de produção e verificar a melhor forma que o Estado pode ajudar a criar um ambiente adequado para esses investidores desenvolvam essas propostas que unem economia e preservação do meio ambiente”, explicou o secretário de Estado de Administração, Evandro Melo.
Dois grandes exemplos de empresas que podem ser beneficiadas com a proposta da Matriz Econômica Ambiental são a Mineração Taboca e a Jayoro, ambas localizadas no município de Presidente Figueiredo, com sede a 117 quilômetros de Manaus. Atualmente, as duas desenvolvem projetos focados na reutilização de recursos naturais que hoje são tratados como rejeitos e são descartados.
Na mineração, Taboca quer ampliar negócios
Uma das maiores produtoras de minério do Brasil, hoje a Mineração Taboca tem o estanho como seu principal produto, porém seu valor agregado tem se tornado cada vez menos competitivo. “A Taboca é uma empresa com uma reserva muito grande de estanho, mas o teor da rocha é muito baixo. Assim, nós ficamos sempre com muita dificuldade de crescer no mercado. Hoje, muitos dos materiais valiosos, como tântalo, nióbio e terras raras são descartados no rejeito. Nossa proposta ambiental e financeira é criar formas de reaproveitar este material, porém ainda não dispomos de tecnologia”, explicou o diretor presidente da mineradora, Itamar Rezende.
De acordo com ele, com o apoio da administração estadual, a empresa poderá ampliar seus negócios no Amazonas. “A transformação da Taboca em uma nova empresa, recuperando outros materiais de valor agregado que estão na jazida e hoje não são utilizados é fundamental para crescermos no futuro e nos estabelecermos. Assim, poderemos criar novos polos em Manaus e ampliar o número de investimentos no Estado. Tudo sem aumentar a extração que temos hoje, que é cerca de 20 mil toneladas por dia”, afirmou o diretor.
A diretora presidente do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), Ana Aleixo, disse que além dos investimentos, novas tecnologias podem ser criadas através de parcerias com os centros de pesquisa e universidades como a Universidade do Estado do Amazonas (UEA). “Neste caso, podemos articular com nossos laboratórios para desenvolver os meios necessários para a separação dos metais para que estes possam ser utilizados de forma adequada e ganhem valor real de mercado”, completou.
Além da reutilização dos rejeitos, a Mineração Taboca trabalha para recuperar as áreas degradadas. Desde 1998, já foram recuperados 2,9 mil hectares com o plantio de cerca de 740 mil mudas de espécies florestais nativas e plantas ornamentais.
Na agropecuária, empresa atende aos preceitos da Matriz
A empresa Jayoro, subsidiária da Coca-Cola no Amazonas, é outro exemplo que se encaixa no modelo da Matriz. Ela é proprietária de uma área de 59 mil hectares desde a década de 70, porém os canaviais ocupam apenas uma faixa de 4 mil hectares com cana e 410 hectares com guaranazais.
“Antes, era tudo pasto degradado. Fomos lá e plantamos cana. Hoje está uma cobertura verde, como se fosse uma capoeira e o solo está protegido. Não usamos inseticida. Usamos a linhaça como fertilizante e a o bagaço é usado para fazer vapor, queimado em caldeira para gerar energia elétrica”, explicou o superintendente da Jayoro, Waltair Carvalho.
De acordo com ele, a empresa deixou de queimar palha, meio nocivo de acabar com os rejeitos da colheita, em 2010 e criou, voluntariamente, um plano de mecanização. Segundo ele, a cana hoje é cortada 100% crua com as máquinas. O excedente do bagaço é usado para briquetagem, processo de compactação do bagaço que gera o “carvão verde”. “Também não plantamos cana perto de curso d´água. Nunca teve nenhum incidente de resíduo que fosse parar em igarapés”, disse.
Para o secretário de Estado do Meio Ambiente (Sema), Antonio Ademir Stroski, o apoio às iniciativas é de suma importância, uma vez que só geram benefícios, tanto para a natureza quanto para a economia. “A proposta do governador José Melo é criar alternativas que tornem o Amazonas cada vez menos dependente do Polo Industrial de Manaus (PIM), que como vimos, sofre fortemente com a oscilação da economia do Brasil. Estas alternativas, que garantem a sustentabilidade devem ser apoiadas fortemente e ganharão reforço com a Matriz Econômica Ambiental”.
Matriz em debate
As discussões em torno da criação da Nova Matriz Econômica Ambiental vêm acontecendo desde abril deste ano, com um ciclo de debates acerca das potencialidades da biodiversidade do Estado.
Na primeira fase, foi realizado um debate qualificado sobre oito setores: aquicultura e piscicultura, fruticultura, produtos florestais madeireiros e cosméticos. Também foram debatidas propostas para as áreas de fármacos, turismo, energia e minérios, logística e tecnologia, informação e comunicação. A expansão e fortalecimento do PIM e o comércio também entraram em pauta.
A realização das Jornadas de Desenvolvimento foi um desdobramento do Fórum Matriz Econômica Ambiental, realizado pelo Governo do Estado, no início de março, no Amazônia Golf Resort, com a participação de embaixadores e diplomatas de dez países, pesquisadores e ambientalistas. Esse Fórum, por sua vez, foi resultado das discussões travadas durante a participação da delegação do Amazonas na Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (COP 21), em Paris, no ano passado.
Fonte: Secom