Pescadores de Fonte Boa são capacitados para a contagem de pirarucu em lagos

Mais de 100 pescadores concluem neste sábado, 13, o curso de contagem de pirarucu em lagos, realizado no município de Fonte Boa (distante 880km em linha reta de Manaus). A atividade faz parte das ações do Projeto de Desenvolvimento Regional do Estado do Amazonas para o Zona Franca Verde (PRODERAM), projeto do Governo do Estado, implementado pela Companhia de Desenvolvimento do Estado do Amazonas (CIAMA).
O curso vem sendo realizado desde o início do ano, dividido em turmas, que tem duração de cinco dias de aulas teóricas e práticas. Os dois primeiros são de aulas teóricas, nos três restantes, os pescadores partem para a prática.
De acordo com Eliandro Guimarães, presidente da Colônia de Pescadores Z-32 de Fonte Boa, a contagem é peça fundamental do manejo. O trabalho começa bem cedo. Por volta das 6h da manhã, os pescadores já estão em suas respectivas canoas para a contagem do pirarucu.
Divididos em duplas, munidos de caneta e papel e contando somente com os sentidos da visão, audição, eles partem para áreas diferentes do lago. O trabalho é basicamente de observação, onde são registradas quantas vezes os peixes sobem à superfície para respirar. “Nós contamos pela “boiada” que o peixe dá. Mas temos que contar apenas os adultos, que sobem geralmente uma vez a cada 20 minutos. Os filhos sobem duas vezes no mesmo intervalo de tempo”, explicou Eliandro.
Os pescadores permanecem no lago durante praticamente toda a manhã. Essa contagem, segundo Eliandro, além de identificar a quantidade, determina o número de peixes que poderão ser pescados. “Com base no resultado da contagem, o Ibama libera a pesca, um número  equivalente a 30% do total de adultos registrados pelos contatores. A estimativa é que neste ano possamos pescar cerca de 5.700 peixes, o equivalente a 285 toneladas”, revelou.
Em todo o Estado, a pesca do pirarucu é proibida o ano inteiro, porque além do defeso nacional da espécie – de 1º de dezembro a 31 de maio, ainda há o defeso estadual – 1º de junho e 30 de novembro. Diante disso, a pesca da espécie no Amazonas só pode ser feita em Unidades de Conservação, Reservas de Uso Sustentável ou ainda onde existam acordos de pesca.
Para Eliandro, o curso veio na hora certa. “A contagem é peça fundamental do manejo. Mas ela tem que ser bem feita, com responsabilidade, para poder complementar de forma efetiva o manejo, que além de contribuir para o equilíbrio e a preservação da espécie, ela fortalece a pesca e a venda pelos pescadores locais”, finalizou.